Público e privado unidos pela segurança digital

Aliança Nacional de Combate a Fraudes Bancárias Digitais conta com participação da Abecs na prevenção e repressão a golpes financeiros 

05/06/2025

A união das esferas pública e privada no combate aos crimes financeiros atingiu um novo marco com a Aliança Nacional de Combate a Fraudes Bancárias Digitais, iniciativa do Ministério da Justiça e Segurança Pública em conjunto com a Febraban, que conta com a participação ativa da Abecs, entre outras entidades financeiras, reguladoras e do poder público, como a Polícia Federal, o Banco Central e a Anatel.

Formada em 2024 para enfrentar de forma coordenada os desafios relacionados à segurança digital, a Aliança Nacional estruturou seus pilares de atuação em três grupos temáticos (GTs). Focados em temas primordiais quando o assunto é prevenir, combater e reprimir golpes e crimes cibernéticos envolvendo as finanças dos brasileiros, os grupos temáticos são “Boas Práticas de Prevenção, Detecção e Combate”, “Compartilhamento e Tratamento de Dados e Informações” e “Tratamento de Vítimas e Capacitação de Agentes”.

Cada um deles contou com pelo menos um representante da Abecs, que contribuiu com os debates levando a experiência e a visão do mercado de meios eletrônicos de pagamento. Os GTs se reuniram semanalmente até abril/2025 e levantaram diretrizes que seguem agora para grupos técnicos responsáveis pela implementação das propostas, em cronogramas específicos, que vão até 2030.

Panorama Abecs conversou com esses representantes para entender como tem sido, até agora, a participação da Abecs na Aliança Nacional de Combate a Fraudes Bancárias Digitais.

Cooperação institucional e boas práticas

Wellington Senise Filho, consultor de Riscos, Investigação e Diagnóstico de Prevenção a Fraudes da Getnet, representou a Abecs no grupo temático Boas Práticas de Prevenção, Detecção e Combate. A integração entre governo e indústria foi uma das tônicas desse GT, que entendeu que, no combate a fraudes, o escopo deve mesmo ultrapassar o sistema bancário, envolvendo agências de telecomunicação e meios de pagamento.

“A indústria de cartões é madura no reporte de fraudes e no reembolso. Procuramos passar essa expertise para o grupo”, relata Senise. 

A Resolução Conjunta no 6, do Banco Central, que promove o compartilhamento de informações de indícios de fraude, foi outro tema debatido, com a solicitação da Abecs para entrada na base compartilhada. 

Foco em dados e tecnologia

Andrius Lopes, gerente executivo de Prevenção à Fraude e à Lavagem de Dinheiro do Banrisul Pagamentos, representou a Abecs no GT Compartilhamento e Tratamento de Dados e Informações. Segundo ele, a pluralidade de visões foi essencial para o amadurecimento das propostas. “No tema de fraude, cada instituição olha apenas para sua própria atuação ou, no máximo, para o mercado em que está inserido. A Aliança permite uma visão integrada, na qual todos trabalham juntos contra o fraudador”, destaca.

Com cerca de 50 participantes, o grupo definiu os principais pontos a serem abordados em termos de tratamento de dados em fraudes:

. Aperfeiçoamento e ampliação da utilização da Plataforma Tentáculos, base de dados da Polícia Federal para coleta e troca de informações

. Criação de uma rede colaborativa multissetorial sobre fraudes financeiras, ampliando os laboratórios já existentes sobre o tema

. Expansão e melhoria dos sistemas Infoconv, ferramenta de coleta e fornecimento de dados da Receita Federal

. Proposição de interface padronizada e compartilhada com telecoms

. Padronização e compartilhamento de identificação de dispositivos móveis

Atenção ao consumidor: foco no acolhimento e orientação

Juliana Yaginuma, coordenadora de Segurança do Produto da Porto Bank, representou a Abecs no GT Tratamento de Vítimas e Capacitação de Agentes. O grupo discutiu as principais dores enfrentadas pelos consumidores em situações como roubo de celular ou clonagem de redes sociais.

O material está em fase de estruturação gráfica, e o trabalho do GT deve seguir em novas fases de atuação. 

Segundo a executiva, a participação da Abecs contribuiu com o conhecimento sobre os fluxos dos meios eletrônicos de pagamento. “O consumidor precisa estar no centro da estratégia de combate a fraudes. Uma iniciativa como a Aliança Nacional, com diversidade de visões e atuações, traz inclusive impactos psicológicos positivos para o consumidor, de que há um ecossistema trabalhando contra os golpes financeiros”, diz. 

Contribuição setorial 

A atuação da Abecs na Aliança Nacional de Combate a Fraudes Bancárias Digitais esteve vinculada ao Fórum de Segurança e Prevenção a Fraudes da Associação, coordenado por Fidel Beraldi, diretor de Customer Compliance e Fraudes da Mastercard. Para ele, a contribuição da indústria de cartões vai além da tecnologia. “Nosso papel é compartilhar expertise com os órgãos de repressão, colaborando para atuarem com mais eficiência”, afirma.

Por Panorama